quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

3º SEMINÁRIO DE POLITICA SOCIAL NO MERCOSUL – SEPOME (UCPEL)




O Curso de Mestrado em Politica da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), realizará o 3º Seminário de Politica Social no Mercosul: temas emergentes e perspectivas para o futuro (SEPOME).

O evento se realizará entre as datas de 27 e 29 de abril de 2011. Com submissão de trabalhos até o dia 25 de março de 2011, nos seguintes eixos temáticos:

  1. Seguridade Social e política da assistência/ Seguridade Social e política da saúde/ Seguridade Social e política da previdência.
  2. Direitos Humanos, Acesso à Justiça e Políticas de Inclusão Social.
  3. Direitos Humanos, Migrações, Deslocamentos e Catástrofes.
  4. Movimentos Sociais e Processos participativos.  
E contará ainda, com a seguinte programação:

Data: 27 de abril de 2011
09:00h Abertura

09:30h – 11:30h Conferência de abertura: Políticas Sociais – concepções e configurações no contexto da crise – Professora Dra. Potyara Amazoneida Pereira Pereira – UnB/Brasil.

Temas emergentes em Política Social – Professor Dr. Cristian Adel Mirza – UDELAR - Uruguai
11:30  - 12:30h    Intervenções  

15:30 – 17: 30h  Mini- Cursos:   
Violência, Juventude e Drogadição – Professora Dra. Celmira Bentura – UDELAR – Uruguai.

Determinantes Sociais da Saúde – Professora Dra. Vera Maria Ribeiro Nogueira e Professor Doutor Sandro Schereiber – UCPEL.

Direitos humanos e acesso à Justiça  - Professor Dr. Luiz Antonio Chies – UCPEL.

A centralidade da família nas Políticas Sociais – Professora Dra. Regina Célia Tamaso Mioto – UFSC.

Participação e Desenvolvimento Social – Professor Dr. Gilmar Antonio Bedin e Professor Dr.  Doglas Cesar Lucas – UNIJUÍ.

Controle Social de Políticas Públicas – Professora Doutora Maria Valeria Correia – UFAL - Brasil
17:00 – 18:00     - Intervenções

28 de abril de 2011
09:00 – 12:00 - Painel - Tendências das Políticas Sociais – Argentina, Brasil, Uruguai.
Brasil – Professora Dra. Berenice Couto – PUCRS – Brasil;

Uruguai - Professora Dra. Elizabeth Ortega - UDELAR – Uruguai;

Argentina – Professora Dra. Susana Cazzaniga – Universidade Nacional de Entre Rios – Argentina;
11:00 - 12:00 - Intervenções

15:30 – 17: 30     Mini- Cursos:
Violência, Juventude e Drogadição –  Professora Dra. Celmira Bentura – UDELAR - Uruguai.

Determinantes Sociais da Saúde – Professora Dra. Vera Maria Ribeiro Nogueira e Professor Doutor Sandro Schereiber – UCPEL.

Direitos humanos e acesso à Justiça - Professor Dr. Luis Antonio Chies.

A centralidade da família nas Políticas Sociais – Professora Dra. Regina Célia Tamaso Mioto
Participação e Desenvolvimento Social – Professor Dr. Gilmar Antonio Bedin e Professor Dr.  Doglas Cesar Lucas – UNIJUÍ

Controle Social de Políticas Públicas – Professora Doutora Maria Valeria Correia – UFAL - Brasil

Data: 29 de abril de 2011
09:00 – 12:00 h- Apresentação de trabalhos 
Grupos temáticos – Seguridade Social e política da assistência/ Seguridade Social e política da saúde/ Seguridade Social e política da previdência/ Direitos Humanos, Acesso à Justiça e Políticas de Inclusão Social/ Direitos Humanos, Migrações, Deslocamentos e Catástrofes/ Movimentos Sociais e Processos participativos.

14:00 – 16:00 h - Apresentação de trabalhos
Grupos temáticos – Seguridade Social e política da assistência/ Seguridade Social e política da saúde/ Seguridade Social e política da previdência/ Direitos Humanos, Acesso à Justiça e Políticas de Inclusão Social/ Direitos Humanos, Migrações, Deslocamentos e Catástrofes/ Movimentos Sociais e Processos participativos.

16 :00 – 17:00   
Conferência de Encerramento
Políticas Sociais e Perspectivas para o Futuro  – Maria Carmelita Yasbeck – PUCSP e Lúcia Cortes da Costa - Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG- Brasil.

Encaminho ainda, o sitio do Evento para maiores informações.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Comunicando a luta e fazendo democracia


Essa postagem se justifica no sentido de que, analisado o caso do Egito e da vitória popular conquistada naquele espaço tempo e antes pelo povo tunisiano, ainda que não perca e nenhum momento e nível a sua importância, talvez a sua maior significação, no meu entendimento, seja o rompimento com uma “naturalidade” instaurada no tempo/espaço da região/cultura Árabe e que ocasiona as insurgências comunitárias locais. Como é o caso presente do Marrocos, da Líbia, do Iêmen, Bahrein e Argélia e que seguiram os predecessores.

Neste sentido, se retoma a importância da comunicação das lutas, tão bem trabalhada por Antônio Negri e Michael Hardt em Império (2006) e Multidão (2005). Utilizando estes acontecimentos no mundo Árabe como um exemplo e rompimento paradigmático naquela região. Irrupção que se formou através da subjetivação das condições individuais e grupais e que produziu os primeiros levantes.. e pelo processo de comunicação, comunhão, se forma a grande Multidão. Um corpo heterogêneo, multifacetado, artificial, fruto das relações e da Politica comunitária, e que justamente são essas as características que o tornam tão forte, tão monstruosos suas ações frente ao sistema. Como referem Negri e Hardt:

Precisamos usar as expressões monstruosas da multidão para desafiar as mutações da vida artificial transformadas em mercadorias, o poder capitalista de pôr a venda as metamorfoses da natureza, a nova eugenia que dá sustentação ao poder vigente. É no novo mundo dos monstros que a humanidade tem que agarrar o seu futuro (NEGRI; HARDT, 2005 b: 256)

Nesta linha, percebe-se que o processo de comunicação é possibilitado através da criação e retomada da ideia de comum, situações pessoais, condições de vida, opressão social, dominação politica, exploração mercantil... diversos fatores que os ligam e que fazem parte, de forma comum, das pautas dos movimentos que se interligam e se sucedem. Assim colocam os autores:

Em termos conceituais, a multidão substitui a dupla contraditória identidade-diferença pela dupla complementar partilha-singularidade. Na prática, a multidão fornece um modelo pelo qual nossas expressões de singularidade não são reduzidas ou diminuídas em nossa comunicação e colaboração com outros na luta, com o resultado de que formamos hábitos, práticas, condutas e desejos comuns cada vez maiores – em suma, com a mobilização e a extensão globais do comum (NEGRI; HARDT, 2005: 282)

Possível analisar ainda, que o mundo Árabe parece estar passando pelo mesmo caminho que passou a América Latina, muito embora esta não tenha se desvencilhado totalmente das amarras do Império. Vê-se ainda, que este parece uma nuvem de gafanhotos em total desequilíbrio e que se deslocam de terras em terras, sugando e destruindo toda a capacidade produtiva, cultural e social. Mas com certa característica, esta nuvem, só se desloca quando expulsa pela Multidão.

Impossível saber o desfecho, até porque os eventos estão em plena efervescência. Mas a simples renovação da capacidade de indignar-se deve ser considerada como uma grande vitória e que se trata de um projeto politico social que está em aberto, andando, lutando. Contrariando a pretensa ideia Imperial de fim da história legitimando a sua perpetuação.

Espera-se que esta luta seja conduzida durante e após (pois a luta não termina) desta forma, comunitária, e que permita a seus integrantes, participarem da (re)construção cultural, identitária, política e social do mundo Árabe.

Enquanto isso, sigamos acompanhando e comunicando esta luta.. assim como, tentando produzir conhecimentos e identidades contra-hegemônicas!!

Segue ainda, a indicação do texto publicado no blog Assessoria Jurídica Popular (Ricardo Prestes Pazello)

E ainda, veículos que tem acompanhado os processos políticos populares – a democracia sendo tecida!!

Editorial sobre a Líbia

Reportagem Argélia

Reportagem Bahrein

Marrocos

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A cultura disseminando a luta ambiental


Como tenho colocado em postagens anteriores, da necessidade da interdisciplinaridade no processo de cognição de um novo paradigma sócio cultural, aliado ainda, ao que coloquei nas duas postagens anteriores da urgente comunicação das lutas anti-imperiais, e obviamente que não tenho a pretensão de acreditar estar teorizando ou produzindo algo novo, mas sim fazendo eco a produções intelectuais, cientificas e culturais importantes para a construção de uma sociabilidade alternativa.
Neste sentido, venho trazer e divulgar a nova campanha do Greenpeace, que, diga-se de passagem, além de trazer a reflexão de questões importantes, é uma obra de arte fantástica.

Quando assisti ao vídeo, e pensei em seguida neste texto, logo me veio à memória outra produção que aborda a modernidade de forma impar. A musica de Stone Gossard e Eddie Vedder (Pearl Jam) denominada “do the evolution” traz a análise da modernidade como uma figura que seduz, entretanto a única pretensão que possui é a sugar todas as suas forças, energias vitais, transformadas em mercadoria. E após exauridas todas as possibilidades econômicas, transferir-se para outro hospedeiro. Além de permitir uma reflexão muito boa.. obviamente que o rock n’ roll é instigante e o clique muito bom..
[…] Admire me, admire my home
Admire my son, he's my clone
Yeah, yeah, yeah, yeah
This land is mine, this land is free
I'll do what I want but irresponsibly […]
Ainda, gostaria de trazer a abordagem no mesmo sentido de uma banda argentina (Bersuit Vergarabat), na música chamada “madre hay una sola” que apresenta, de igual forma, uma crítica às promessas e falácias produzidas pela modernidade.
[…] Ciudades gigantes, enormes cloacas…
Viajan torrentes hacia el mar, de un amor que huele mal.
Como anunciándole al cielo, nuestro destino
Se ven las marcas de la muerte, por las ventanas del avión.
El progreso fue un fracaso, fue un suicidio…
La ansiada prosperidad, fue el más pesado vagón.
Para qué un juicio final, si ya, estamos deshechos
una explosión natural, hará una gran selección.
Yo te agradezco… porque aquí estoy […]
Vê-se que a capacidade analítica existe e tem sido exercitada, assim, deve-se comunicar e não apenas verbalizar, mas também colocar em prática a luta contra esta modernidade humano-destrutiva. Não coloca Negri, não é o caso de se chegar à modernidade (para os países que ainda não chegaram), mas sair dela (para os países que já estão impregnados)!
Gostaria, por fim, de remeter a uma postagem, no mesmo sentido feita no blog Assessoria Jurídica Popular trabalhando muito bem a questão da Amazônia e suas veias abertas. Acredito que a analise feita sobre a região Amazônica, se aproxima e muito do que é possível extrair do clipe e letra da música "do the evolution". Abordagem acessível pelo seguinte link: http://assessoriajuridicapopular.blogspot.com/2011/02/as-veias-abertas-da-amazonia-uma.html

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Propagação do Eco RE-produtivo


Esta postagem surge após o amigo Lucas Machado, que diga-se de passagem é colunista deste espaço, ter me enviado por e-mail o material produzido pelo Governo do Equador. No mesmo sentido da campanha brasileira, busca travar uma luta contra o patriarcalismo através da tomada de consciência e da des-subjetivação da condição de dominado.

Assim, traz-se a divulgação deste material, com o intuito de fortalecer e comunicar esta luta.

Neste sentido, gostaria de trazer ainda a contribuição de Alain Touraine, que no ultimo ponto de sua obra “Um novo paradigma: para compreender o mundo de hoje” (2007), o autor trabalha como sendo a luta anti-patriarcal um dos estandartes da luta anti-imperial. Tendo em vista diversos elementos que propiciam a esta luta a sua importância e protagonismo.

Primeiro, pelo fato de que a Império foi erigido a partir de relações hierarquizadas e verticais, o que produziu e intensifica a problemática de gênero, se identificando a luta contra o império e contra as suas dinâmicas sexistas.

Em segundo, o autor entende este movimento (a-corpóreo), como sendo um dos principais exemplos da modalidade de luta que é travada da modernidade líquida, sendo esta, uma sociedade do “fim do social” como ele denomina.

Esta categoria que se apresenta, não como o fim das instituições, mas sim como o fim da autonomia (ou até mesmo antagonismo) da instituição frente aos seus membros. Devendo, na modernidade, a mudança surgir e se desenvolver a partir dos indivíduos afetados, e obviamente que a partir da tomada de consciência. E que muito bem poderá encarnar em movimentos e instituições, mas nunca subtrair o protagonismo dos envolvidos.

O autor aponta ainda, que a luta anti-patriarcal, talvez tenha sido uma das que mais avançou, residindo hoje, não na busca desta ou daquela condição social, mercado ou politica, mas sim no próprio indivíduo, o respeito às suas individualidades. Neste sentido, coloca o autor:

é reivindicando uma sexualidade independente das suas funções de reprodução e de maternidade que as mulheres se constituem verdadeiramente em movimento social e avançam o mais longe possível – mais longe do que através da luta pela igualdade e contra a discriminação (TOURAINE, 2007. p. 217)

A isto que o autor chama de retorno do individuo a si mesmo, visando uma produção de autoconhecimento, auto respeito, produção de alteridade, e proliferação de riqueza de heterogeneidades humano-culturais.

Para o autor, é esta consciência, de que denomina de pós-feminismo, que permitirá a sociedade avançar e instaurar um novo paradigma, passando-se da sociedade dos homens, para a sociedade das mulheres, não num sentido de inversão de polos de dominadores e dominados, mas num sentido de consciência dos seres de si mesmos e construção reconhecimento de sujeitos, de diálogo de culturas, de um cosmopolitismo multicultural.


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Fazendo Eco que re-produz


Conforme solicitação do prof. Salo de Carvalho, em seu blog (anti-blog de criminologia), repasso e divulgo a campanha do Governo Federal contra a violência de gênero.


Tal campanha não se fundamenta em qualquer veículo punitivo, como é a praxe, mas sim através de um processo de des-subjetivação da submissão do gênero feminino. Um processo de desconstrução do estereótipo construído juntamente com a sociedade organizada "politico-varonicamente".

Nesse sentido, gostaria ainda, de trazer a reflexão possibilitada através de Negri e Hardt (IMPERIO, 2006) mais uma vez, no que diz respeito à comunicação dos processos de luta. E tenho certeza que é neste sentido que o prof. Salo pede a divulgação da campanha. Tendo em vista que a maneira difusa e em rede na qual funciona o sistema de opressão moderna, somente através de uma luta engajada e interconectada para fazer frente! Assim colocam os autores:

Deveríamos ser capazes de reconhecer, em outras palavras, as características fundamentalmente novas que essas lutas apresentam, apesar de sua diversidade radical. Primeiro, cada luta por intermédio de condições locais firmemente arraigadas, salta imediatamente para o nível global e ataca a constituição imperial em sua generalidade. Segundo, todas as lutas eliminam a distinção tradicional entre conflitos econômicos e políticos. As lutas são ao mesmo tempo econômicas, politicas e culturais – e, por consequência, são lutas constituintes, que criam novos espaços públicos e novas formas de comunidade (NEGRI; HARDT, 2006: 74-5)

Nesta linha ainda, gostaria de repassar o artigo “DOMINAÇÃO MASCULINA E PRISÃO: o contrato sexual e o encarceramento feminino” de autoria deste que vos fala; publicado originariamente no sítio do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais e fruto da pesquisa do Grupo Interdisciplinar e Trabalhos e Estudos Criminais Penitenciários (GITEP/UCPel) que trata das sobrecargas de punição sobre a mulher encarcarcerada na 5ª Região Penitenciária do Rio Grande do Sul; e, o artigo  “A globalização e a modernidade varônica”, de autoria deste que vos fala em comunhão de esforços com outros colegas, apresentado no Seminario Permanente de Derechos Humanos “Xavier Gorostiaga” (2008). Ambos acessíveis através deste blog (em sua aba esquerda), e apresentam uma abordagem acerca da problemática de gênero e sua violência invisível.

Desta forma, busca-se fortalecer o conhecimento e a capacidade reflexiva em torno da problemática de gênero, e também fazer ecoar as lutas que são travadas diariamente por homens, mulheres e seus movimentos, e assim, poder combatê-la da mesma forma como foi criada, no corpo e na mente de cada indivíduo dotado de sua singularidade e alteridade!

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Moderna Metáfora de Luta anti-Imperial


Na Atenas Global Moderna, local desterritorializado do mercado da política, só sendo um semideus mesmo, junção de um Deus e uma humana. Que lhe possibilite a capacidade de enfrentar as agruras diárias que o sistema produz e intensifica.

Esta postagem é no sentido de indicar o Filme “os 12 trabalhos”, alusivo à mitologia grega, e que procura retratar o dia-a-dia de Héracles, um jovem recém saindo da FEBEM, que procura mudar de vida através de um trabalho de motoboy na grande São Paulo, ou ser purificado e adentrar no sistema mundo de mercado, da exploração capitalista, obviamente que na posição de explorado, demonstrar que foi socioeducado, transformando-se obediente e silente ao sofrimento que estava escolhido a enfrentar.
Enquanto assistia ao filme, lembrava as leituras de Antônio Negri e Michael Hardt em IMPÉRIO (2006), quando tratam da dissolução do 3º mundo pela modernidade. Tendo este mundo se dissolvido e permeado o 1º que hoje colonizou o planeta, apresentando-se sob a forma de guetos, favelas [...] e tal condição é muito bem visível na fotografia do filme.

Nesse sentido, foi muito interessante e apropriado o titulo do filme, bem como a alusão à mitologia grega (e a personagem especifico utilizado), tendo em vista que, somente dotando os personagens sociais do terceiro mundo, encravados no primeiro, é que se faz possível suportar ou conseguir vencer o Império.

E também, é nesta linha que penso, enquanto o mundo assiste aos episódios no Egito, e comemora a queda de mais uma ditadura.. se faz cada vez mais presente o paradigma ditatorial liquido da sociedade moderna ocidental, e que infelizmente não conta com nenhum levante de jovens, de estudantes, ou de deuses!! Ainda que sejam de grande importância e significação as vitórias populares do Cairo, devem se comunicar, não só este, mas todos os processos de luta, produzindo uma rede de combate ao sistema, e, sobretudo, atenção e reflexão redobradas, nos casos de inimigos invisíveis e impessoais que comandam o IMPERIO do capital e seu paradigma de sociabilidade.

Assim, contra este inimigo despersonificado, prefiro a metáfora do Vampiro, utilizando novamente Negri e Hardt, pois é todo e puro sentimento, pulsação, paixão, sexualidade, carne e sangue ...

nossos vampiros contemporâneos revelam-se diferentes. Os vampiros continuam sendo marginais na sociedade, mas sua monstruosidade ajuda os outros a reconhecer que somos todos monstros – colegiais rebeldes, portadores de desvios sexuais, aleijões, sobreviventes de famílias patológicas e assim por diante (MULTIDAO: guerra e democracia na Era do Império, 2005)

...ainda que sejam vistos como meros corpos mortos, e isso quando são vistos.

“uma cidade é cimento, pedra, ferro.. gente se agitando em seus espaços, vãos.. a pedra e o ferro permanecem, os seres que se agitam vem e vão! [...] bairros indicam classes, ruas indicam quem você é, dependendo da onde você nasceu, já é, tua história tá escrita antes mesmo dela começar” (fala inicial de Héracles – Os 12 Trabalhos)

Não é o melhor filme nacional que vi... mas apresenta de forma bem original e singela a vida de um individuo, que teve as suas expectativas roubadas, e convive com seus sonhos, esperanças de que as coisas sejam diferentes.. um filme que não pretende se justificar e demonstra a maturidade do cinema nacional.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Distrito 9 e a capacidade da modernidade de asilar

A presente postagem é no sentido de inaugurar a seção de filmes estrangeiros neste blog, tendo em vista que até então foram indicados apenas filmes nacionais, não que estes tenham esgotado seu potencial criativo.

Tal seção é inaugurada com a indicação do filme “Distrito 9” do diretor Neill Blomkamp (2009). A indicação e lembrança deste filme surge no decorrer das leituras de “vidas desperdiçadas” de Zygmunt Bauman (2005). Na parte em que trabalha a problemática do asilo econômico, imigração ou refúgio, resultado do processo de modernização e seu projeto politico e a consequente necessidade de descarte de indivíduos, em contingentes sempre crescentes, que não se adequam ao paradigma de sociabilidade, ou o paradigma de sociabilidade moderna e ocidental que não possui espaço para este contingente de indivíduos, e os espaços estão cada vez mais diminuindo, tendo em vista o objetivo de ser leve e fluido, sem fronteiras ou laços que o prendam.

O filme apresenta a relação travada com um contingente de alienígenas que vivem na terra, tendo estes recebido asilo, tendo em vista que se desalojaram de sua terra natal. Entretanto, tal condição se faz como um amontoado, constantemente vigiado e estudado, já que possuíam um potencial tecnológico superior.

O que chama a atenção é a forma como são tratados e como a relação é pautada/ gestionada. Encerrados num verdadeiro campo de concentração, o Outro, o alienígena que representa a ameaça que reside no diferente, no desconhecido, no inassimilável.

O filme retrata uma suposta relação fictícia entre humanos e alienígenas, entretanto, tal condição é levada à cabo em condições reais, no dia-a-dia de diversos contingentes de indivíduos descartados pela dinâmica global de produção de lixo humano e a sua remoção ou armazenamento. Vale a colocação de Bauman:
A caminho dos campos de refugiados, os futuros internos se veem despidos de todos os elementos que compõem suas identidades, menos um: a condição de refugiados sem Estado, sem lugar, sem função. De dentro das cercas do campo, são reduzidos a uma massa sem rosto, e lhes é negado o acesso às amenidades elementares das quais se extraem as identidades, assim como dos fios com que elas são tecidas (BAUMAN, 2005: 97)

Nesse sentido, é a categoria de homo sacer de Giorgio Agamben, o individuo supérfluo que vive uma vida que não merece ser vivida. Desta feita, mata-los não é qualquer crime, assim como também não serve como ritual, uma vida nua.

Análise semelhante fez Hannah Arendt, ao analisar os campos de concentração da segunda Guerra Mundial e o processo de desconsideração da personalidade de determinado grupo de seres..

E tal condição tem permeado a forma e o trato que se dispensa com os guetos urbanos, realidade muito apropriada para o Brasil, sendo esta uma forma de asilo econômico, encerramento e depósito de indivíduos que não fazem parte do mapa cognitivo da modernidade consumista e sua trama de relações, e ainda, de pessoas que não tem qualquer perspectiva de vir a fazer parte deste grupo, pois as pontes foram destruídas. Temas muito bem tratados por Loic Wacquant.
Segue o treiler do filme: