O pacote de reformas do Governo
pega em cheio a população, e me decepciona e muito. Ainda que não tenha votado,
por estar fora do meu domicilio eleitoral, mas mesmo assim me decepciona muito,
pois tomei partido no segundo turno da eleição. E me surpreende negativamente,
justamente por partir do núcleo central do governo, se partisse de uma proposta
de algum deputado, não seria tanto, ainda que da bancada do PT que tem força
importante no congresso. Mas sim por partir do executivo, recém reeleito por
grande parte da massa popular do pais, que será diretamente afetada e
profundamente com esse reforma.
Isso me comprova o que o próprio Loic
Wacquant já falava, as politicas neoliberais independem de pais de esquerda ou
direita, mas sim de uma politica neoliberal que é transnacional (Wacquant,
2012).
Mas para mim, se fortalece uma
outra reflexão que faço há algum tempo. Quando os agentes penitenciários fazem
paralisação por melhores salários (e eles tem os piores salários da segurança
publica), quem ajuda na manifestação? Um redondo NINGUEM. Quando os policiais
militares fazem manifestação ou paralisação por melhores salários, e seus salários
também são ridículos! Quem ajuda e apoia. Outro redondo NINGUEM.
E fica todo mundo estarrecido
quando ocorre alguma manifestação, em geral de mudanças que afetam a camada
media da sociedade, universitários como importante massa manifestante e são severamente
e violentamente reprimidas pelos agentes policiais, que nesses momentos, não são
mais que cães do governo. E não se veem identificados com as pautas da
manifestação, e cumprem seu trabalho (com os excessos que são típicos da
atuação do sistema penal, é claro; mas cumprindo o que lhes é determinando
enquanto empregados que são!).
Isso demonstra a fragmentação em
que se vive, ou seja, estamos todos preocupados unicamente com os próprios problemas,
e com as mudanças que nos afetam diretamente; como se pode verificar nas
manifestações do ano passado – as quais eu acreditava, ao inicio, que poderiam efetivamente
ser um momento de transformação – mas logo em seguida demonstraram não ter
qualquer pauta politica coletiva e consciente, e que não se passava de um mero
espasmo coletivo, ou como diria Marcelo Yuca, um inconsciente popular (e em
muitos momentos não tão popular assim).
Tendo em vista que, as
manifestações se formam de grupos totalmente isolados, imbuídos dos próprios interesses
(egoisticamente); sem uma consciência enquanto coletivo e que as pautas são interligadas,
e que só se tem força enquanto coletivo social e popular; afora essa
possibilidade, não se passam de pequenos espasmos que o governo não tem
qualquer dificuldade em dissipar.
Nem tão popular, porque muitas
das manifestações tem como pauta questões que a grande massa popular não comunga,
desconhece. Por exemplo, o aumento no preço da gasolina, ou mudança nas alíquotas
de imposto de renda ou elevação drástica no IPTU (como tem ocorrido em Pelotas);
enfim.. questões que causam comoção, indignação, e alguma forma de protesto,
cuja chance de ser reprimida é grande.
Ano passado, quando ocorriam as
manifestações e quando a pauta delas se alargou, demonstrando sua completa inconsciência
politica.. eu pensava.. quando vai ocorrer uma manifestação pela reforma da PREVIDENCIA
SOCIAL? Ou vamos esperar que as pessoas doentes, idosas, mutiladas, com sérios e
incapacitantes problemas de saúde saiam as ruas para protestar.. elas que serão
seriamente afetadas por essa reforma, além de outras tantas.. e esse sim é um
grupo popular, da camada mais inferior da sociedade, e que não tem
representatividade politica alguma, pois não são universitários.
É necessário que se tome como
prioridade pautas gerais, que atingem a sociedade para além da sua pequena e
media burguesia (classe media), e sim questões populares, além de da necessidade
de se identificar com as mais variadas frentes de luta com consciência
politica; pois a perspectiva é de retrocesso dos direitos sociais em geral – e essa
reforma é sim, retrocesso de direitos sociais!!!
Ou seja, essa postagem, como há tempos
não fazia, é para compartilhar uma reflexão, e um desabafo, diante da
conjectura (que se apresenta mais como estrutural) da politica e, sobretudo, da
conformação da nossa sociedade civil indolente.
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