Na Atenas Global Moderna, local
desterritorializado do mercado da política, só sendo um semideus mesmo, junção de
um Deus e uma humana. Que lhe possibilite a capacidade de enfrentar as agruras
diárias que o sistema produz e intensifica.
Esta postagem é no sentido de indicar o
Filme “os 12 trabalhos”, alusivo à mitologia grega, e que procura retratar o
dia-a-dia de Héracles, um jovem recém saindo da FEBEM, que procura mudar de
vida através de um trabalho de motoboy na grande São Paulo, ou ser purificado e
adentrar no sistema mundo de mercado, da exploração capitalista, obviamente que
na posição de explorado, demonstrar que foi socioeducado, transformando-se
obediente e silente ao sofrimento que estava escolhido a enfrentar.
Enquanto assistia ao filme, lembrava as
leituras de Antônio Negri e Michael Hardt em IMPÉRIO (2006), quando tratam da
dissolução do 3º mundo pela modernidade. Tendo este mundo se dissolvido e
permeado o 1º que hoje colonizou o planeta, apresentando-se sob a forma de
guetos, favelas [...] e tal condição é muito bem visível na fotografia do filme.
Nesse sentido, foi muito interessante e
apropriado o titulo do filme, bem como a alusão à mitologia grega (e a
personagem especifico utilizado), tendo em vista que, somente dotando os
personagens sociais do terceiro mundo, encravados no primeiro, é que se faz possível
suportar ou conseguir vencer o Império.
E também, é nesta linha que penso, enquanto
o mundo assiste aos episódios no Egito, e comemora a queda de mais uma
ditadura.. se faz cada vez mais presente o paradigma ditatorial liquido da
sociedade moderna ocidental, e que infelizmente não conta com nenhum levante de
jovens, de estudantes, ou de deuses!! Ainda que sejam de grande importância e
significação as vitórias populares do Cairo, devem se comunicar, não só este,
mas todos os processos de luta, produzindo uma rede de combate ao sistema, e,
sobretudo, atenção e reflexão redobradas, nos casos de inimigos invisíveis e
impessoais que comandam o IMPERIO do capital e seu paradigma de sociabilidade.
Assim, contra este inimigo
despersonificado, prefiro a metáfora do Vampiro, utilizando novamente Negri e
Hardt, pois é todo e puro sentimento, pulsação, paixão, sexualidade, carne e
sangue ...
nossos vampiros contemporâneos revelam-se diferentes. Os
vampiros continuam sendo marginais na sociedade, mas sua monstruosidade ajuda
os outros a reconhecer que somos todos monstros – colegiais rebeldes,
portadores de desvios sexuais, aleijões, sobreviventes de famílias patológicas e
assim por diante (MULTIDAO: guerra e democracia na Era do Império, 2005)
...ainda que sejam vistos como meros corpos
mortos, e isso quando são vistos.
“uma cidade é cimento, pedra, ferro.. gente
se agitando em seus espaços, vãos.. a pedra e o ferro permanecem, os seres que
se agitam vem e vão! [...] bairros indicam classes, ruas indicam quem você é,
dependendo da onde você nasceu, já é, tua história tá escrita antes mesmo dela
começar” (fala inicial de Héracles – Os 12 Trabalhos)
Não é o melhor filme
nacional que vi... mas apresenta de forma bem original e singela a vida de um
individuo, que teve as suas expectativas roubadas, e convive com seus sonhos,
esperanças de que as coisas sejam diferentes.. um filme que não pretende se
justificar e demonstra a maturidade do cinema nacional.
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