domingo, 13 de fevereiro de 2011

Moderna Metáfora de Luta anti-Imperial


Na Atenas Global Moderna, local desterritorializado do mercado da política, só sendo um semideus mesmo, junção de um Deus e uma humana. Que lhe possibilite a capacidade de enfrentar as agruras diárias que o sistema produz e intensifica.

Esta postagem é no sentido de indicar o Filme “os 12 trabalhos”, alusivo à mitologia grega, e que procura retratar o dia-a-dia de Héracles, um jovem recém saindo da FEBEM, que procura mudar de vida através de um trabalho de motoboy na grande São Paulo, ou ser purificado e adentrar no sistema mundo de mercado, da exploração capitalista, obviamente que na posição de explorado, demonstrar que foi socioeducado, transformando-se obediente e silente ao sofrimento que estava escolhido a enfrentar.
Enquanto assistia ao filme, lembrava as leituras de Antônio Negri e Michael Hardt em IMPÉRIO (2006), quando tratam da dissolução do 3º mundo pela modernidade. Tendo este mundo se dissolvido e permeado o 1º que hoje colonizou o planeta, apresentando-se sob a forma de guetos, favelas [...] e tal condição é muito bem visível na fotografia do filme.

Nesse sentido, foi muito interessante e apropriado o titulo do filme, bem como a alusão à mitologia grega (e a personagem especifico utilizado), tendo em vista que, somente dotando os personagens sociais do terceiro mundo, encravados no primeiro, é que se faz possível suportar ou conseguir vencer o Império.

E também, é nesta linha que penso, enquanto o mundo assiste aos episódios no Egito, e comemora a queda de mais uma ditadura.. se faz cada vez mais presente o paradigma ditatorial liquido da sociedade moderna ocidental, e que infelizmente não conta com nenhum levante de jovens, de estudantes, ou de deuses!! Ainda que sejam de grande importância e significação as vitórias populares do Cairo, devem se comunicar, não só este, mas todos os processos de luta, produzindo uma rede de combate ao sistema, e, sobretudo, atenção e reflexão redobradas, nos casos de inimigos invisíveis e impessoais que comandam o IMPERIO do capital e seu paradigma de sociabilidade.

Assim, contra este inimigo despersonificado, prefiro a metáfora do Vampiro, utilizando novamente Negri e Hardt, pois é todo e puro sentimento, pulsação, paixão, sexualidade, carne e sangue ...

nossos vampiros contemporâneos revelam-se diferentes. Os vampiros continuam sendo marginais na sociedade, mas sua monstruosidade ajuda os outros a reconhecer que somos todos monstros – colegiais rebeldes, portadores de desvios sexuais, aleijões, sobreviventes de famílias patológicas e assim por diante (MULTIDAO: guerra e democracia na Era do Império, 2005)

...ainda que sejam vistos como meros corpos mortos, e isso quando são vistos.

“uma cidade é cimento, pedra, ferro.. gente se agitando em seus espaços, vãos.. a pedra e o ferro permanecem, os seres que se agitam vem e vão! [...] bairros indicam classes, ruas indicam quem você é, dependendo da onde você nasceu, já é, tua história tá escrita antes mesmo dela começar” (fala inicial de Héracles – Os 12 Trabalhos)

Não é o melhor filme nacional que vi... mas apresenta de forma bem original e singela a vida de um individuo, que teve as suas expectativas roubadas, e convive com seus sonhos, esperanças de que as coisas sejam diferentes.. um filme que não pretende se justificar e demonstra a maturidade do cinema nacional.

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